Al-Madan Online IIª série, n.º 21, Tomo 3, Julho 2017

 

EDITORIAL

 

O inventário, descrição e valoração do Património cultural imóvel preservado nos diferentes municípios portugueses é uma obrigação legal que, felizmente, tem tradução crescente em levantamentos que actualizam, sistematizam e enriquecem o conhecimento local e regional.

Aqui e ali ainda realizados a contragosto, apenas para satisfazer essas obrigações e garantir a aprovação de planos directores e outros instrumentos sujeitos à tutela da administração central, a verdade é que muitos deles aspiram transformar-se no essencial: poderosas ferramentas de integração plena dos recursos patrimoniais na gestão do território e nas políticas e estratégias que não menosprezam a importância da Cultura, da História e do Património para dar sustentabilidade e qualidade de vida às comunidades do presente e às gerações futuras.

Este tomo da Al-Madan Online é particularmente rico de exemplos e reúne projectos desse tipo nos municípios de Trancoso, Penamacor e Cinfães, que passam a dispor de informação também indispensável para, conhecendo o existente, minimizar o impacto de pequenas e grandes obras públicas e privadas.

A Arqueologia preventiva em ambiente urbano está também presente através de intervenções nas cidades de Óbidos e de Portalegre, e no balanço do que a investigação arqueológica vem acrescentando à interpretação da transformação histórica de Leiria.

Noutro plano, as páginas da Al-Madan Online apresentam o que dados preliminares apontam ser um dos mais importantes sítios arqueológicos submersos até agora localizados em Portugal, no caso junto à praia de Belinho, a Norte de Esposende.

Podem ainda ler-se abordagens metodológicas ao estudo da cerâmica fina da Idade Moderna, à análise de pastas cerâmicas por recozedura e à reavaliação das centuriações romanas propostas para o território de Conimbriga, bem como a proposta de aplicação de um modelo estatístico preditivo para localização de povoados pré-históricos da Beira interior.

Outros trabalhos compõem um conjunto de grande diversidade. Um deles aborda a temática da espiritualidade islâmica que marcou os séculos X a XII na região costeira entre a serra da Arrábida e Sines, intensificada e conjugada com as medidas defensivas impostas pelas incursões vikings. Outro relata um curioso incidente na tentativa de inspecção técnica a duas locomóveis a vapor, em 1931, na zona de Linda-a-Pastora (Oeiras), e realça o papel da análise documental na Arqueologia industrial. Por fim, um último artigo fala-nos de etnografia e erudição nos artefactos de couro, num testemunho pessoal que interage com a obra de Gil Vicente e histórias de vida de vários artesãos, até ao Museu dos Samarreiros, em Vila Verde (Seia).

A terminar, faz-se balanço de encontros de Zooarqueologia e Arqueomalacologia recentes e listam-se vários outros eventos em agenda para datas próximas ou de médio prazo.

E não esqueça que, na mesma data deste tomo digital, iniciou a sua distribuição o N.º 21 da Al-Madan impressa, com um dossiê especial dedicado ao Património Cultural Subaquático de Época Contemporânea e vários outros motivos de interesse.

Na Internet ou nas páginas impressas, votos de boa leitura...

 

Jorge Raposo [in Al-Madan Online, 21 (3): 3]

 

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