Al-Madan Online IIª série, n.º 22, Tomo 2, Julho 2018

 

EDITORIAL

 

Este novo tomo da Al-Madan Online abre com um merecido destaque ao Património arqueológico megalítico do Município de Avis. Um vasto conjunto de monumentos funerários, erguidos pelas comunidades que aí viveram entre o 5.º e o 3.º milénios a.C., ainda hoje marca a paisagem e justifica estratégias sustentadas de gestão, valorização e promoção que articulem o seu importante valor científico com as não menos relevantes valências culturais e turísticas. Um processo a seguir e, principalmente, a fruir através das múltiplas ofertas de roteiros de visita.

A Arqueologia de campo está presente através dos resultados de intervenção realizada no centro histórico de Pinhel, em níveis de necrópole medieval-moderna que propiciaram a análise antropológica dos indivíduos aí inumados, e ainda de trabalho que ilustra as potencialidades abertas ao estudo da arte rupestre pelas novas tecnologias digitais, exemplificando com a sua aplicação à denominada “Pedra da Lua”, na serra do Caldeirão (Almodôvar).

Correspondendo ao crescente interesse que desperta em leitores desse país lusófono, a Al-Madan Online dá também espaço à Arqueologia brasileira, publicando uma investigação sobre estruturas murárias ligadas à ocupação colonial da zona centro-norte da Baía na transição dos séculos XIX-XX.

Outros estudos retomam problemáticas portuguesas. O primeiro incide sobre trajectos matrizes da área de Lisboa e analisa o seu papel no desenvolvimento e consolidação das urbes antigas de Odivelas, da Graça, da Colina do Castelo e da Frente de Alfama; um segundo parte das magníficas ilustrações de uma publicação alemã dos finais do século XVIII para avivar a memória das grutas ou cavidades naturais existentes no vale de Alcântara, entretanto desaparecidas devido à extracção intensiva de pedra calcária; um terceiro tece considerações sobre contextos e práticas funerárias neolíticas identificadas entre os estuários dos rios Âncora e Lima; um quarto sistematiza a análise iconográfica de um cofre em marfim profusamente decorado, executado em Paris no século XIV, e contextualiza-o na arte parisiense e luso-oriental da época; um último reflecte sobre a experiência de encenar peças de repertório clássico nas ruínas do Teatro Romano de Lisboa, nomeadamente A Paz de Aristófanes, em 2016, e O Misantropo de Menandro, em 2017.

Um texto de opinião aborda as novidades da Lisboa romana, outro as questões de género na Arqueologia profissional portuguesa, e outro ainda enfatiza a pertinência da Arqueologia de “cota positiva”, particularmente em contextos industriais. O Património cultural, em sentido amplo, está representado por análise documental que enriquece o conhecimento da toponímia da zona do Torrão (Alcácer do Sal) no século XV, e por recolha oral junto de Jorge Augusto, um operário e original criador artístico da zona do Porto. Por fim, há ainda uma crónica estimulante e diversificado noticiário arqueológico, sobre livros, revistas e eventos científicos recentes, terminando com uma agenda dos que estão publicitados para os próximos meses.

Como sempre… votos de boas leituras!

 

Jorge Raposo [in Al-Madan Online, 22 (2): 3]

 

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