Al-Madan Online IIª série, n.º 22, Tomo 3, Janeiro 2019

 

EDITORIAL

 

A Al-Madan Online abre este novo tomo com uma reflexão acerca da investigação e da comunicação científica, da margem de incerteza que as caracteriza e da tolerância com que devem ser encaradas pois, frequentemente, mesmo quando se identificam as questões correctas, o tempo mostra que nem sempre se obtêm e partilham as respostas mais adequadas.

Tendo presente essa contingência, é de divulgação científica que tratam as páginas seguintes, com realce para sítios e contextos de Época Romana em Sines, em Cascais e no Alto Alentejo, nomeadamente no Município de Fronteira. Mas dá-se igual atenção ao impacto da Arqueologia preventiva na identificação de ocupações humanas do Paleolítico Superior em todo o país, e ainda, noutro âmbito cronológico, aos trabalhos arqueológicos realizados numa fábrica de descasque de arroz instalada em Salvaterra de Magos na segunda metade do século XX.

A Arqueologia brasileira volta a marcar presença, agora com as ameaças à arte rupestre do Nordeste do Estado da Bahia, e há também espaço renovado para as arqueociências, neste caso através de uma proposta metodológica para a identificação de tubérculos secos, cozidos ou calcinados.

A premente definição disciplinar de uma Arqueologia Contemporânea em Portugal é defendida em artigo de opinião, a que se segue estudo que apresenta a Análise Urbana como domínio da Arquitectura que integra conhecimentos da História e da Arqueologia, entre outros.

Ao Património móvel e imóvel são dedicados textos sobre a conservação e restauro da fachada do edifício sede da colectividade mais antiga de Tomar, que assinalam a identificação e incorporação em museu de um azulejo valenciano dos séculos XV-XVI aplicado em imóvel de Sintra, e que tomam exemplares de aljavas provenientes do Sultanato de Granada (1238-1492) como ponto de partida para a abordagem mais geral das artes do couro na Península Ibérica durante a Idade Média.

Há ainda diferentes contributos para a História Local de Alcácer do Sal e de Almada, fruto da análise de conjuntos documentais dos séculos XVI a XVIII, bem como diversificado noticiário de natureza arqueológica, incluindo resultados de escavações, de projectos museológicos, de acções de Educação Patrimonial, etc.

Livros e revistas recentemente publicados também merecem comentário ou destaque e, nas páginas finais, encontram-se breves relatos de um número significativo de eventos científicos realizados em Portugal e no estrangeiro, com temáticas muito diversificadas, cuja partilha é útil para a comunidade científica portuguesa e para outros interessados. A fechar, agendam-se eventos do mesmo tipo já divulgados para os próximos meses.

Enfim... muitas e boas razões para agradáveis momentos de leitura.

 

Jorge Raposo [in Al-Madan Online, 22 (3): 3]

 

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