Al-Madan 2ª série, n.º 7, Outubro 1998
EDITORIAL
Quando, em finais de 1992, decidimos retomar a edição de Al-Madan, estávamos profundamente convictos da utilidade e viabilidade de um espaço de debate e divulgação direccionado para três objectivos fundamentais: incentivar uma maior dinâmica da comunidade arqueológica portuguesa, nos planos da produção e difusão da informação, da reflexão e do salutar confronto de opiniões e pontos de vista; estabelecer pontos de contacto entre a Arqueologia e outras áreas disciplinares, numa perspectiva que, longe de se confinar às ciências sociais e humanas, abrangesse múltiplos desenvolvimentos epistemológicos e teórico-metodológicos aplicáveis ao estudo da variabilidade do comportamento humano; por fim, criar um veículo de comunicação entre essa comunidade científica e uma sociedade onde é escassa e nem sempre qualificada a informação relacionada com a Arqueologia, o Património, a História local e a investigação científica em geral.
Passados seis anos e outras tantas edições, parece-nos hoje evidente que o desafio merecia ser encarado e tem condições para se consolidar: mantendo-se um pequeno mas, felizmente, fiel núcleo de apoios institucionais, acumulámos entretanto um importante capital de experiência editorial, ampliámos e diversificámos significativamente o leque de colaboradores e, principalmente, conquistámos uma maior implantação junto de um público leitor cada vez mais interessado e numeroso.
Apesar disso, tentamos não perder de vista que um projecto com estas características sobreviverá se, e só se, souber dosear o empenhamento e voluntarismo que continuam a estar na sua génese com um distanciamento crítico que lhe permita auto-avaliar-se e, consequentemente, transformar-se para crescer.
É isso que procuramos fazer neste número, introduzindo algumas alterações ao nível da estrutura e do modelo gráfico (com destaque para a impressão em bicromia de todo o miolo) que, esperamos, tornem mais funcional e atractiva a leitura das suas páginas. Para mais, quando aí se reúnem colaborações extremamente diversificadas, que vão das pequenas notícias, recensões ou comentários críticos, às crónicas e artigos de carácter arqueológico, de opinião ou sobre o património construído e, como vem sendo hábito, contemplam um extenso e bem documentado dossiê temático, desta feita dedicado à Arqueologia e o Mar.
Para ler e fruir… até 1999. Será então tempo de outra Al-Madan.
Jorge Raposo [in p. 3]