Al-Madan 2ª série, n.º 20, Janeiro 2016
EDITORIAL
Portugal ocupa um território continental que, há vários milénios, oferece condições para a fixação de comunidades humanas que o vão transformando e adaptando às suas necessidades. Enquanto realidade nacional com perto de 900 anos de História, abrange também territórios insulares onde a expansão marítima conduziu os que navegavam sob a sua bandeira no início do século XV.
Fruto dessa longa, intensa e profícua interacção entre o Homem e o Meio, são muitas as marcas que as sucessivas transformações sociais e civilizacionais deixaram no terreno e hoje perduram, enriquecendo e diversificando o Património cultural do país e, nomeadamente, o de natureza arqueológica. Contudo, nem sempre esse Património arqueológico é apreendido e fruído como instrumento de partilha e sociabilização do conhecimento, por ignorância da sua existência e/ou valor, por menosprezo da sua preservação e valorização ou, simplesmente, por falta de condições de acesso e visita.
Naturalmente, a fruição deste recurso cultural finito e não renovável pelas gerações do presente implica que estas adoptem um comportamento responsável, individual e colectivo, no sentido de garantir que a sua acção (ou inacção), por incúria, insensibilidade ou, até, intenção delituosa, não implica risco para a natureza, fragilidade e/ou estado de conservação de bens que devem ser transmitidos às gerações futuras.
É um equilíbrio difícil, cuja discussão técnica e política tem alimentado fóruns e debates científicos e culturais dentro e fora das nossas fronteiras (mais fora do que dentro, diga-se), principalmente quando aumenta a importância do turismo cultural e ambiental no contexto de modelos de desenvolvimento sustentado de nível local, regional ou mesmo nacional.
Enquanto associação que há mais de quatro décadas procura promover o Património arqueológico, o Centro de Arqueologia de Almada encara a questão numa perspectiva optimista e confiante na maturidade dos cidadãos e cidadãs e, por outro lado, responsabilizante dos poderes públicos e privados. Por isso, esta Al-Madan impressa reedita uma iniciativa pela primeira vez concretizada em 2001, com uma nova abordagem à temática dos sítios arqueológicos portugueses visitáveis. Com base num inquérito promovido a nível nacional, são 500 propostas de visita, listadas e sumariamente descritas nestas páginas, mas também traduzidas numa aplicação online que será posteriormente complementada e actualizada com novas fontes e em resultado da interacção com os futuros visitantes. Tendo por ponto de partida esta edição, é um serviço público doravante disponibilizado através do sítio web da Al-Madan (www.almadan.publ.pt).
Encontrará ainda outros assuntos de interesse nesta Al-Madan impressa, sem esquecer que, à semelhança dos últimos anos, ela é acompanhada de mais um tomo da Al-Madan Online, revista digital com conteúdos distintos em distribuição gratuita e generalizada através da Internet (ver www.almadan.publ.pt ou https://issuu.com/almadan).
Como sempre, votos de boa leitura...
Jorge Raposo [in p. 3]