Al-Madan Online IIª série, n.º 20, Tomo 1, Julho 2015

 

EDITORIAL

 

Este tomo da Al-Madan Online reúne estudos, artigos e textos de opinião de natureza muito distinta.

Nos primeiros inclui-se a análise de faianças provavelmente produzidas em Coimbra entre a segunda metade do século XVII e os inícios do século XVIII, entretanto recolhidas no interior do perímetro amuralhado da antiga vila medieval do Jarmelo (Guarda), a par do estudo de um conjunto de pratos decorados em “corda-seca” recuperado na Praça do Comércio e na Ribeira das Naus, em Lisboa, que atesta o uso destas cerâmicas sevilhanas de finais do século XV, primeira metade do século XVI, na convivialidade da corte portuguesa da época.

Segue-se uma abordagem às técnicas e tecnologias informáticas disponíveis para a manipulação não invasiva, a restituição e a representação gráfica de cerâmicas arqueológicas, acompanhada de uma reflexão bem diversa, centrada na interpretação sociológica da epigrafia votiva do municipium Olisiponense, considerando as diferentes entidades religiosas e os que lhes prestam culto nesta parcela do Império Romano.

Os textos de opinião ilustram também uma assinalável diversidade.

O primeiro fala-nos da “Arqueologia das Coisas”, também conhecida como “Arqueologia Simétrica”, uma visão pós-processualista do mundo e da transformação social como teia de relações entre seres humanos, mas também entre estes e seres não humanos, e de todos eles com “coisas”. Outro trabalho trata a relação antrópica com o ambiente aquático e apresenta propostas para a definição, interligação e aplicação de conceitos como os de Arqueologia Marítima, Naval, Náutica e Subaquática. Por fim, um terceiro reflecte sobre as condições de consolidação e desenvolvimento do Parque Arqueológico do Vale do Côa, de modo a que este assuma em plenitude o importante papel regional que pode e deve desempenhar.

As denominadas arqueociências marcam presença através da apresentação e sustentação teórico-metodológica de projecto de investigação em arqueomagnetismo aplicável na datação absoluta de contextos e materiais arqueológicos.

A temática patrimonial mais alargada está representada por trabalhos de ilustração científica de aspectos técnicos, etnográficos e históricos do Moinho de Maré de Corroios (Seixal), de divulgação da vida de Maria José Viegas e integração da sua obra em couro no contexto da produção artística das mulheres portuguesas, e, ainda, de destaque para a importância local e regional da extinta igreja de N.ª Sr.ª da Consolação, fundada em meados do século XV à entrada do castelo de Alcácer do Sal.

Noticia-se o achado, em Monte do Ulmo (Santa Vitória, Beja), de uma nova estela atribuída à Idade do Bronze, e a aplicação técnicas de estudo de parasitas em sedimentos associados a enterramentos humanos de necrópole identificada na igreja de S. Julião, em Lisboa.

Por fim, apresentam-se sínteses ou balanços de vários eventos científicos ou de âmbito patrimonial, dedicados ao debate de temáticas ligadas ao Neolítico, à Época Romana e à Antiguidade Tardia, ou à reflexão sobre o papel dos museus, empresas e associações de cidadãos na gestão da Arqueologia e do Património arqueológico.

Como sempre, votos de boa leitura!...

 

Jorge Raposo [in Al-Madan Online, 20 (1): 3]

 

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