Al-Madan Online n.º 21, Tomo 2, Janeiro 2017
EDITORIAL
O suporte digital da Al-Madan Online continua a revelar-se uma alternativa interessante para muitos autores, que nele acreditam para valorizar e divulgar os seus trabalhos teóricos e práticos, tal como os projectos e as actividades em que se envolvem. Este tomo reúne assim mais um bom conjunto de conteúdos, diversos e plurais mas enquadrados no âmbito temático desta edição do Centro de Arqueologia de Almada, que se centra na Arqueologia, na História e no Património, mas passa, cada vez mais, por muitas das disciplinas científicas que aqui convergem.
Deste modo, nas páginas seguintes encontramos estudos dedicados a cerâmicas de uso doméstico dos séculos XV e XVI recolhidas em poço situado junto aos antigos Paços do Concelho de Torres Vedras, ou ainda a uma pedra de anel de cronologia romana, em pasta vítrea, proveniente do sítio do Moinho do Castelinho, na Amadora.
A investigação arqueológica, na sua íntima relação com a gestão, a valorização e a divulgação do Património arqueológico, está representada pela experiência dos municípios de Avis e de Oeiras.
Mais um contributo para a História da Arqueologia portuguesa enfatiza o papel desempenhado por D. Fernando II no contexto de criação da Sociedade Arqueológica Lusitana, a primeira instituição académica do nosso país dedicada a uma área que, nessa segunda metade do século XIX, procurava afirmar-se no plano científico.
Entre os artigos de opinião, defende-se uma estratégia de valorização do Património cultural aplicável ao Parque Arqueológico / Museu do Côa, sob o conceito “a comunidade em primeiro lugar” e a perspectiva da “ciência cidadã”. Noutro âmbito, a recente reabertura do Museu de Lisboa - Teatro Romano com um novo percurso museográfico e programas de teatro clássico, nomeadamente a encenação da obra A Paz, criada por Aristófanes no século IV a.C., permite abordar as questões cénicas colocadas pela adaptação e representação desse repertório. Por fim, tomando por exemplo a vila de Ega (Condeixa-a-Nova), cuja origem remonta ao século XII, reflecte-se sobre a estratégia de povoamento que, cerca do ano mil, conduziu ao aparecimento da aldeia medieval e da forma rádio-concêntrica.
No âmbito do Património, discute-se a recriação de estéticas antigas e o influxo da Arte Nova no couro lavrado por artífices portugueses na transição dos séculos XIX-XX, é apresentada documentação inédita sobre a ermida de Nossa Senhora do Socorro (Alcácer do Sal), consagrada para os “ofícios do divino” em 1601, e procede-se à análise comparativa da taipa militar presente em várias fortificações do Sul português, de Alcácer do Sal ao Algarve.
Uma secção final dá destaque a edições e eventos científicos recentes, como notas de balanço que partilham resultados muito relevantes por públicos mais alargados. Vários espaços de agenda apelam ainda à participação em acções do mesmo tipo programadas para curto e médio prazo.
Enfim, como sempre, votos de boa leitura!...
Jorge Raposo [in Al-Madan Online, 21 (2): 3]